Sexta feira, eu atolada de coisas pra fazer, roupa para passar, janta para fazer, banho pra tomar, coisas a serem arrumadas, a vida não indo pra frente nem pra trás porque eu tinha que ficar brincando com a Yasmin senão ela choraria, eis que me aparece minha mãe me chamando pra sair, dar uma volta no shopping, espairecer, sabe?
Na hora fiquei tentada, mas teria que ir tomar banho, me arrumar, e com certeza meu pai não esperaria não (meu pai é apressadinho, do tipo que fica acelerando o carro pra fazer o povo andar logo), e quando olhei a bagunça das coisas desanimei total, até que tive uma idéia genial, eu não poderia ir mas a Yasmin poderia, portanto “Mãe, leva a Mimi com vocês!”.
Nem precisei pedir a segunda vez, minha mãe imediatista do jeito que é já pediu pra eu arrumar a malinha dela, colocar o carrinho no porta malas do carro, arrumamos a cadeirinha, e a mocinha só observando o movimento.
Coloquei quinhentas coisas na mala, roupas extras, fraldas extras, coloquei até o Tylenol dela na mala.
Arrumei tudo, peguei a pequena e a coloquei na cadeirinha, de imediato ela já notou que ia sair e começou a dar gritinhos de felicidade, fechei a porta o carro e lá se foram os três felizes rumo ao shopping dar uma volta.
Eu fiquei aqui em casa, com o coração meio apertadinho porque ela nunca saiu sozinha, e confesso que fiquei até com remorso em pedir pra minha mãe sair com ela pra que eu pudesse fazer meu serviço com calma.
Olhei para o berço várias vezes, e ele estava vazio, ficava me perguntando se ela estava se comportando bem, se estava chorando, e pensei até em ligar pra saber como as coisas estavam, mas achei melhor não, afinal, minha mãe é a pessoa que mais confio pra cuidar da Yasmin, não há nenhum outro ser na galáxia que eu confie tanto quanto nela, então deixei rolar.
Escureceu e nada deles voltarem, a essa altura, o serviço estava feito, a janta pronta, roupa passada, eu de banho tomado, mamadeira pronta pra hora que ela voltasse (eu mandei duas prontinhas, mas vai que ela tivesse mamado né?), e quase três horas depois os três chegaram.
A Yasmin com seus olhos de jaboticabas prestando atenção em tudo ao redor, e quando me viu deu um sorrisinho do tipo “ahh, oi mãe!”, não fez festa nem nada.
Eu, ao contrário da indiferença dela, peguei minha cria no colo, cheirei, beijei, perguntei à ela se o passeio foi bom, se chorou muito por estar longe da mamãe, e pra minha surpresa, minha mãe disse que ela não derramou uma lágrima sequer, que nem sentiu minha falta.
Como isso? Não sentiu minha falta?
Segundo meus pais ela dormiu até chegar no shopping, chegou e acordou, dava gritinhos de felicidade de dentro de seu carrinho, onde apreciava o passeio, sorriu para os passantes, mamou, voltou pro carro, dormiu no caminho de volta e fim de jogo, nem sentiu minha ausência.
Eu fiquei feliz por essa “independência”, mas pô, nem um chorinho, nem um resmungo do tipo “vovó, cadê a mamãe?”.
Ahhh, fiquei chateadinha sim, pode parecer bobeirinha sabe, mas eu fico com ela o dia todo, brinco, cuido, e ela nem sentiu falta de mim?
Se por um lado estou fazendo drama, por outro acho muito bom que ela fique com minha mãe, afinal, não sei o dia de amanhã e vai que preciso me ausentar por algum período (cirurgia, viagem de emergência...) essa é uma preocupação a menos, mas que eu fiquei tristinha dela não ter sentido minha falta nessas três horas de ausência, eu fiquei!
No fim das contas, acho que eu sou muito mais dependente dela, do cheirinho, do sorriso sapeca, da risadinha baixinha, dos gritinhos de felicidade, do que ela de mim.
E por hora, pra passear, só se for comigo junto, afinal de contas, vai que dessa vez ela estranha e dá trabalho neh?
E por aí meninas, jpa houve o primeiro passeio sem o papai e a mamãe junto?
Beijos
Juu
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