Daí que como todo mundo já sabe meu parto foi uma cesárea e o povo tem mania de dizer que cesárea não tem emoção nenhuma por ser um procedimento cirúrgico, discordo, pra mim foi emocionante, e tudo depende do olhar que temos da situação, e pra mim foi super emocionante e jamais esquecerei de cada minuto daquela noite!
Como foi meu dia?
Acho melhor começar essa parte dizendo que passei a noite mais ansiosa que o dia, simplesmente surtei de madrugada e não conseguia dormir.
Três e meia da madrugada e eu estirada na cama com os zóiões arregalados olhando pro teto pensando na morte de bezerra, até que peguei no sono e dormi acordando somente as onze da manhã!
Chegando lá
Minha internação era pra ter sido as 18:00, mas como o trânsito aqui é meio caótico, decidimos sair antes e chegamos lá as 17:45, dei entrada na parte burocrática da internação, já colocaram uma das pulseirinhas em mim e fui encaminhada para o pré parto.
Minha mãe ficou responsável pelas malas, Pablo como iria assistir, filmar e fotografar já foi comigo pra lá também.
Passamos – aliás, eu passei - por uma mini entrevista com duas enfermeiras onde elas fizeram as perguntas relacionadas à anestesia (alergia a medicamento, se era primeiro parto...) e foram ouvir o coração da Yasmin.
A enfermeira colocou o aparelhinho na minha barriga e nada, Pablo sentado na cadeira já começou a ficar inquieto, passaram-se uns dois minutos e nada, a enfermeira revirou minha barriga, e vi que ela também começou a ficar tensa, quando Pablo ia começar a suar frio de nervoso, lá estava o coração da minha Mimi, batendo a 152, era apenas uma questão de saber posicionar o aparelho e nada mais.
E eu calma como sempre, afinal, sempre acontecia isso no consultório, só que eu não avisei o Pablo, que ficou apavorado.
O pré parto
E lá fomos nos pra tal sala do pré parto, a enfermeira deu uma camisolinha daquelas safadas onde a gente fica com a bundinha de fora, era pra tirar tudo, aliança, sutiã, calcinha, brinco, piercing, tiara e qualquer tipo de badulaque .
Tirei tudo, vesti a camisola e esperei, tiramos algumas fotos, de despedida mesmo da barriga, começamos a assistir o jogo que estava passando na TV, e dez minutos depois ela veio com um par de “sapatilhas” de pano pra eu colocar no pé.
Dali em diante eu seguiria sozinha, Pablo só entraria no Centro Obstétrico quando toda equipe já estivesse preparada e a cirurgia em andamento.
O centro obstétrico
Cheguei na sala das luzes, aquela sala gelada, com a cama em formato de cruz e ali eu vi que a coisa tava mais perto, ali tudo se tornou real, afinal de contas meu dia estava sendo meio surreal, não dava pra acreditar que em instantes eu conheceria minha filhota.
Deitei na cama em formato de cruz e a enfermeira já colocou o acesso venoso com soro, agora faltava somente a anestesia.
A anestesista não estava no hospital ainda, então o negócio era esperar, fiquei lá, viajando olhando pro teto e imaginando coisas, minha médica veio, conversou comigo um pouquinho e saiu.
A anestesia
Aí a anestesista chegou, e quando ela se apresentou eu gelei, a pessoa que ia me aplicar a anestesia estava ali, e a anestesia sempre foi um dos meus maiores medos, sempre tive a impressão que a sensação de injeção (que por si só já é uma coisa que me dá pânico!) na espinha deveria ser parecida com apertar parafusos, só que nas costas – fiquei com medo!
Ela pediu que eu me sentasse na “cama” com as pernas pra frente e me curvasse pra frente.
Achei que era sacanagem, afinal, eu com uma big barriga e ela pedindo que eu me curvasse mais pra frente, só podia ser brincadeira – mas não era.
Relaxei os ombros, relaxei o corpo (e não sei como consegui relaxar pq eu tava que era puuura tensão) e senti três picadinhas, logo em seguida tudo começou a esquentar e eu fui ficando mais mole, minha voz ficou mais baixa, e me deitaram na cama.
Tentei mexer os pés e não conseguia – e a sensação de você sentir que estão mexendo em você mas você não conseguir comandar o que acontece é muito estranha.
Cortando minha barriga
Depois disso
Vi quando colocaram o garfo pra separar minha barriga, e estava tão grogue que não me apavorei, continuei acompanhando tudo de camarote – mas a visão não era lá muito privilegiada pq não era tudo tão nítido assim!
Que cheirinho de queimado!
Eu podia estar meio dopada, mas meu nariz continuava a funcionar melhor que antes, e mais pra lá do que pra cá perguntei pra qualquer pessoa que me respondesse:
- Nossa, vocês estão sentindo um cheirinho de queimado?
Minha médica prontamente brincou:
- Claro que sim, e chuta de quem é?
Haa, me assustei em saber que eu estava cheirando churrasquinho, mas ai lembrei que o bisturi é elétrico e isso é normal mesmo – mas cheira queimado sim!
Pablo, cadê você?
Pablo entrou no C.O mas eu não notei a presença dele, como ele podia escolher o que ver e onde ficar pra acompanhar, resolveu ficar próximo a minha barriga e filmar e fotografar tudinho, timtim por timtim.
Perguntei por ele para a anestesista e em instantes ele estava do meu lado.
A presença dele ali comigo me acalmou muito, e ver que ele estava seguro me deixou mais calma ainda, ficou comigo alguns instantes e voltou pra onde estava pra ver ela nascer e não perder nada.
Afinal de contas eu pedi que ele seguisse todos os passos que dariam com a Yasmin a partir do momento que ela saísse da minha barriga, e ele voltou a postos pra perto dela!
Ela nasceu!
Notei que estavam fazendo força pra empurra-la, sentia cada vez que a empurravam, e comecei a me preocupar quando ouvi o comentário de que ela estava alta, mas de repente Pablo tira meu foco e diz:
- Amour, ela é muito cabeluda!
Pensei que fosse brincadeira, mas aí ouvi o chorinho mais doce e inesquecível de toda minha vida e a médica disse que sim, que ela é muito cabeluda e que as sobrancelhas são iguaizinhas as minhas.
Não tem emoção que descreva o que é ouvir aquele chorinho, eu que estava tão calma caí no choro – era emoção demais pro meu coração – e logo em seguida Pablo veio, me deu um beijo e me mostrou a foto dela.
Minutos depois a trouxeram pra que eu fossemos apresentadas formalmente, e foi aí que a coisa ficou fantástica.
Ela chorava a plenos pulmões, mas quando a colocaram perto de mim e conforme eu fui conversando com ela o choro iminente, progressivamente virou silêncio e foi com certeza o momento mais marcante de toda minha existência até hoje.
Isso do bebê ouvir a voz da mãe e ir parando com o choro é fantástico, é incrível, é indescritível, é animal, é irracional, é lindo, e por mais que a gente evolua, são laços primitivos que sempre permanecerão.
Minha experiência
Achei tudo simples, indolor, rápido e muito tranqüilo!
Realmente não é dolorido como fantasiei, e me senti muito bem, não tive problemas e após o banho me tornei outra.
Claro que dói um poquinho, mas é pouquinho mesmo, e a primeira vez que levantamos é estranha, e no meu caso a sensação que tive no corte é que queimava, mas não é nada insuportável, e após três dias estou muito melhor.
Eu não tenho experiência com parto normal, mas faria uma cesárea novamente caso fosse necessário.
Fora isso, estou em estado de graça, Yasmin é calma, fofa, cheirosa, linda, superou e supera a todo momento qualquer expectativa que eu tenha, e estou apaixonada por ela, a cada segundo me apaixono mais.
E por falar em me apaixonar mais, estou mais apaixonada ainda pelo Pablo.
Ele me ajuda sem eu pedir, está tão encantado com a Mimi como eu – isso se não estiver mais que eu – e a conclusão que eu cheguei é que existe marido perfeito sim, pelo menos o meu é!
Agora vocês me dão licença, que eu vou ali babar um pouquinho na minha filha que é linda demais!
Super beijo à todas e obrigada pelo carinho – vou responder os recados de pouquinho, mas responderei!
Com amour
Juu