
Daí que eu falo exaustivamente da minha filha e muito pouco de mim, de como estou depois que deixamos de ser uma só e passamos a ser pessoas distintas.
Hoje eu sou a Julia, mãe da Yasmin, pessoa única, hoje a Yasmin é a Yasmin, uma bebê de dois meses, maravilhosa e muito risonha, com vontades próprias que sabe muito bem do que não gosta!
Fiz essa introduçãozinha, porque as vezes me pego com dificuldade em aceitar que agora somos distintas.
Depois que ela chegou, muita coisa mudou em mim e pra mim, se antes eu era a segurança em pessoa, hoje a coisa já não funciona assim.
Me senti meio que em crise de identidade após ter me tornado mãe de fato, não sabia mais o que vestir, me encontrei perdida no meio do meu estilo.
Antes eu conseguia combinar de um jeito muito legal jóias
(as poucas) de valor que tenho, com umas bijus baratinhas, me sentia super a vontade usando um saltão 13, calça jeans justinha, usar maquiagem sempre que saía e fazer uma boa hidratação nos cabelos que até pouco tempo atrás era muito bem cuidados com luzes champagne, e hoje estão pretos porque é mais fácil cuidar.
Sempre fui muito atenta à moda e as tendências, desde as cores das roupas aos esmaltes que seriam hit na estação, e isso mudou muito!
Se antes eu usava as unhas super compridas, mega bem cuidadas e pintadas com as cores que eram tendência (
nunca usei neon), hoje a realidade é outra.
Hoje uso as unhas muito mais curtas que antigamente, pintado-as no máximo uma vez por semana e de cor clara (
assim se começa a descascar não fica aquele horror com cara de manicure vencida), sendo eleita como minha cor favorita a famosa rendinha.
Em matéria de roupa até hoje não sei o que usar, sabe quando você olha no espelho após ter trocado cinqüenta vezes e ainda está insatisfeita ? Eu estou exatamente assim, mais indecisa do que antes, e não é porque tudo fica lindo não, é porque acho que não combina com meu estado de espírito atual!
Perfume? Enjoei de TODOS os que eu tinha quando grávida, desde os nacionais aos importados –
e aqui fica uma dica pra quem estiver grávida, NÃO compre perfumes durante a gestação, provavelmente você não vai suportar o arma depois – e hoje, depois de dois meses e muitas tentativas de perfume, uso uma fragrância bem fraquinha.
Meu adereços já não são os mesmos, se antes eu usava super brincos, anéis e pulseiras, hoje as coisas são mais discretas, afinal de contas, vai que a Yasmin puxa meu brinco e rasga minha orelha? A probabilidade disso acontecer com um brinco comprido ou uma argola grande, é muito maior do que se o brinco for pequetito!
Sapatos? Se antes eu me acabava num saltão 13, hoje não consigo (
ainda) usar, sei lá, me imagino com a Yasmin no colo, eu com o saltão correndo de um lado pro outro, ou pior ainda, trupicando e caindo no chão com ela no colo, por isso hoje em dia os saltos são menores, no máximo um salto 7.
Meu corpo já não é mais o mesmo, mesmo engordando pouco já contei que fiquei com estrias, e olha que me lambuzei de Mustela.
Após o parto me senti a gelatina em forma humana, as coisas mudam, os seios não são os mesmos, a barriga não fica tão em forma quanto antes, e aliás, está um pouquinho mais protuberante!
Ainda não estou liberada pra ir pra academia tentar eliminar meus quilinhos extras –
porque antes de engravidar eu já estava uns quilinhos acima do peso – e não sei se terei ânimo pra ir pra cademia e deixar a Yasmin em casa –
a verdade é que sou mais dependente dela do que ela de mim. Minha vida profissional ...
Aqui vai a minha opinião e o meu desejo.
Eu não pretendo voltar a trabalhar nunca! Hauhauahuah
Acho que mesmo que eu coloque alguém pra arrumar a casa, cuidar da Yasmin, fazer comida ... eu farei jornada dupla.
Sempre que chegar em casa haverá alguma coisa a ser feita, haverá a atenção mais que necessária pra dar pra minha filha, deve haver o cuidado com meu marido e tudo isso que nós mulheres sabemos.
Não quero terceirizar a educação da Yasmin, faço questão de estar perto dela em todos os momentos, em levar pra escolinha, em cuidar sempre e estar com ela o período de vida que definirá o caráter que ela terá quando adulta.
E além do mais, eu adoro essa rotina gostosa de cuidar da casa, fazer comida e deixar tudo pronto pro marido a hora que ele chega!
Se nasci pra ser Amélia? Acredito que sim, mas desde já deixo claro que posso até gostar de ser Amélia, mas não sou capacho de marido e não nasci pra ser corna!
Quero voltar a estudar, terminar meu curso, começar uma nova faculdade, pq eu amo aprender, por mim ficaria nos bancos da faculdade a vida toda, então desejo voltar a estudar sim, mas trabalhar não.
Não tenho pressa pra nada, nem pra trabalhar e nem pra estudar, tudo tem seu tempo,e agora o tempo é pra ela.
Só volto a trabalhar se o dinheiro fizer muita diferença na nossa renda, caso contrário fico com a Yasmin.
E pra mim essa história de ter o próprio dinheiro é balela na minha realidade. O que é meu é do Pablo, o que é do Pablo é meu, se eu quero ele me dá, se preciso de dinheiro ele me dá também, e aqui não tem isso de ter vergonha de pedir dinheiro pro marido não.
Quando me tirou da casa dos meus pais tirou consciente que me daria uma vida igual ou melhor que a que eu levava, e vergonha de pedir dinheiro porque, se eu lavo, passo, cozinho, cuido, zelo?
De jeito nenhum, o dinheiro é nosso e quem cuida e dá destino em boa parte sou eu!
Cada casa é um sistema e aqui é esse.
Namorar já não é a mesmo coisa que antes, embora haja o desejo de ambas as partes, o tempo é escasso, há o cansaço, e sempre a tensão da espera que ela chore, é inevitável pensar que ela irá chorar, e aí nem preciso ir muito longe em dizer que não flui como antes.
Aqui o famoso Baby Blues bateu bem de leve, houveram dias tristes pra mim sim, dias em que eu me sentia perdida, que estava brava por ter tanta coisa acumulada pra fazer e não dar conta de tudo, onde eu me sentia mau por tanta mudança rápida assim na vida, mas foram apenas duas vezes, não cheguei ao ponto de não querer levantar da cama, de não querer ver a Yasmin, muito pelo contrário, minha motivação sempre foi ela.
Eu não tenho o que reclamar do Pablo, ele me ajuda quando pode, lógico que eu me desdobro em um milhão e acho que ele poderia fazer isso também, mas acredito que os homens vivam numa realidade totalmente alternativa, e que pra mim o que parece imediato a ser feito com ela, por ele pode esperar um poquinho.
Acho até que os homens num geral não são como nós mães, com aquele instinto aguçado de proteção da cria, que acorda a cada sussurro do bebê, isso é coisa de mãe.
Hoje eu sei que pra um filho vir ao mundo deve ser muito desejado pelo casal, senão nenhum dos dois segura a bronca sozinho, é difícil, desestabiliza as coisas por um certo tempo, torna tudo confuso, já não há tanto tempo pro parceiro já que a maior parte da atenção é voltada pra cria indefesa, enfim, só quem vive sabe.
Não estou reclamando da vida que levo, mas nada é como antes e jamais será.
Dizer que todos os dias são um mar de rosas é pura mentira, alguns momentos beiram o desespero –
e olha que minha filha é boazinha, dorme a noite toda, não tem cólica... – mas é muita mudança em um espaço muito pequeno.
Se eu me arrependo? Nem um minuto!
Sempre estive ciente das coisas que a maternidade traria pra mim, que teria que me dedicar de corpo e alma e que jamais seria a mesma, dito e feito!
Deve ser por isso que fico tão irritada quando vejo em fóruns meninas de 14,15,16 anos planejando engravidar!
Se com casa, marido ao lado ajudando, planejamento já é difícil, imagino sem isso tudo.
Mas cada um sabe –
ou nem sempre sabe – o que faz da vida, e a gente só aprende depois que passa pela situação, então, tenho que parar de me irritar com isso!
Acredito que pouco a pouco nossa vida volta ao normal, hoje tenho mais maturidade que há um ano atrás, e acho que isso faz parte do crescimento que adquirimos como mãe.
Se eu me esforçar sobrehumanamente meu corpo pode voltar a ser o que era ou melhor
(sonha Julia, sonha), e as coisas pouco a pouco se encaixam e vão dando certo, vou me encontrando e me transformando numa nova mulher!
Beijos a todas
Juu