Se existe um post que me faz revirar os olhos é aquele tipo de post extremista, onde a mãe
SÓ aceita que o filho seja amamentado com o próprio leite.
Pior que isso é a mãe que vem te criticar se vc não o faz.
Relatei
aqui como foi nosso primeiro contato com a amamentação e depois só mencionei que a Yasmin mamava exclusivamente leite artificial e não detalhei mais nada.
Pois bem, quase um ano depois chegou a hora de abrir o coração, então, senta que lá vem história.
Pra quem não leu o post anterior, o resumão básico é, foi traumático.
Nos primeiros dias eu oferecia o seio pra ela, e ela sugava até ficar exausta, mas a fome persistia.
O esquema era o seguinte:
Chorou de fome?
Peito. Peito por quarenta minutos ou até ela parar de mamar.
O problema foi exatamente esse, ela parava de mamar e ainda continuava faminta.
Entenda por faminta uma criança que mamou por uma hora e ainda continuava com fome, e quando dava complemento, mandava pra dentro mais 30ml, e aí sim eu me sentia um lixo andante pq eu ouvia o barulho do leite chegando no estômagozinho vazio dela.
Algumas podem pensar ”
mas ahhhh, nos primeiros dias é assim mesmo, se vc tivesse persistido o leite iria se adequar a demanda da fome dela e seus peitos iriam explodir de leite se vc tivesse sido realmente persistente!”
Nos primeiros dias eu não tinha nem colostro, mas lá pelo 20º dia decidi “
pular” uma mamada e ordenhar manualmente até não sair nem mais uma gotinha de leite.
Resultado, 13ml de leite extraído dos dois seios em uma hora e dez minutos de ordenha dos dois peitos cheios.
Nesse tempo eu já estava tomando Plasil e fazendo compressa quente pra aumentar o leite por indicação médica.
É lógico que ela ia urrar de fome, a pobre da menina mamou mais ar do que leite.
Fiquei puta, me senti inútil, e em um mês eu me rendi ao Santo NAN.
O NAN nunca foi complemento, ela sugava, sugava e sugava, mamava no máximo 15ml de leite materno e como depois estava com fome, mamava mais 30ml de NAN, ou seja, era o NAN que matava a fome dela, e não o meu leite, com um mês eu já não tinha mais leite, mesmo oferecendo o peito pra ela antes de
TODAS as mamadas –
que depois faticamente seriam completadas.
Com um mês meu leite já era, mas já era no sentido literal da palavra, não saía mais nada nem com simpatia de tomar água na concha numa sexta feira!#louca
Ou seja, com um mês minha filha estava desmamada.
Sinceramente falando, fiquei chateada sim da amamentação não ter dado tão certo conosco, não deu, eu tentei, fiquei com o peito machucado, e em alguns momentos até chorei durante as mamadas, pq ela mamava com sangue de tanto que rachou, os momentos de prazer que dizem que a amamentação proporciona pra mãe e filho eu não tive, pra mim amamentar era sinônimo de sofrimento, pq minha filha continuava com fome e eu chorava de dor, tentei e fui até onde deu, não deu mais, me rendi ao L.A e não me arrependo.
Depois que ela começou a mamar exclusivamente L.A, notei que ela ficou muito mais calma, dormia com mais facilidade, e pouco a pouco o sentimento de culpa que eu tinha em mim por não estar amamentando foi-se embora.
Mas de verdade, sabe qual foi meu erro?
Meu erro foi ter idealizado demais, achar que seria como nas campanhas de amamentação onde a mãe fica quietinha, o bebê tem a pega correta, e o quarto cheira lavanda.
Aí chega a semana da amamentação, com cartazes e comerciais estrelados pela
Juliana Paes,
Cláudia Leite,
Cássia Kiss,
Samara Felippo,
Dira Paes,
Luciana Gimenez e companhia limitada, dizendo que você deve amamentar seu filho, dando o que há de melhor pra ele que é o seu leite, que o seu leite é o melhor alimento que ele pode receber.
Concordo que o leite materno é um alimento completo, que imuniza a criança, que tem os nutrientes necessários e todo esse blábláblá, mas vem cá, uma mulher que adota uma criança e dá L.A à ela, não está oferecendo o que há de melhor pro filho?
Uma mãe que tem HIV e não pode amamentar (
exceto em alguns países da África, onde a mãe mesmo com HIV é orientada a amamentar, pq se o filho não morrer de AIDS morrerá de fome) e dá L.A, não está dando o que há de melhor por filho?
Eu, que não tive leite realmente, e dei L.A pra minha filha não dei o que há de melhor pra ela?
Faça-me o favor, é fácil colocar uma artista dessas num cartaz dizendo que vc deve amamentar seu filho, afinal de contas, a Cláudia Leite não teve que cuidar da casa, do marido, fazer comida, lavar roupa, e aí depois amamentar o Davi. Ela pôde se dedicar exclusivamente ao filho sem ter esse tipo de preocupação que a maioria das mulheres tem.
Sou super a favor da campanha, super a favor mesmo pq conheço os benefícios e apoio a causa, mas acho que mães “
reais”, com problemas reais, com vidas reais deveriam estrelar e dar depoimentos.
Mas enfim , neah, quem sou eu ?
Depois de todo esse discurso eu ouso dizer que a amamentação aqui não deu certo mesmo, mas sou livre de culpa pq tentei até o leite secar e nunca deixei minha filha berrar de fome por um ideal meu, por insistir que ela só fosse mamar no peito, eu não, queria mais é que ela ficasse tranqüila, de barriguinha cheia e feliz, sem provar a dor da fome.
Algumas pessoas me disseram que ela não teria a imunidade que as outras crianças tem, e pra essas pessoas eu digo, Yasmin teve apenas UM resfriado, e mesmo assim foi bem de leve.
Minha filha praticamente não mamou no peito e é extremamente saudável, não chupa chupeta nem mamadeira para suprir a necessidade de sucção que dizem que os bebês tem, e tem energia pra dar e vender.
Enfim, essa foi a experiência que eu não compartilhei até hoje, mas que eu acho válida, já que, hoje em dia muita mãe tem medo de dizer que dá L.A pro filho com medo de ser pré julgada.
E fim, acabou, hahahahahaah
Gente, o post deve ter ficado meio desconexo, mas vcs entendem que a Yasmin ocupa todo meu tempo livre, todos meus pensamentos e que eu tô quase ficando doida com ela quase andando e engatinhando pra todo lado, por favor digam que entendem!
Beijos
♥