12 de fevereiro de 2013

Maternidade real!


Quando fiquei grávida não fazia ideia de onde estava me metendo, as pessoas diziam que filhos são trabalhosos, que eu deveria dormir muito enquanto pudesse, aproveitar o marido antes da pequena nascer, passear muito, pq minha vida mudaria, e pelo que diziam, pra bem pior, eu achava que era puro exagero das pessoas, principalmente quando a "dica" vinha de alguém amargo ou daquela pessoa que tem uma pontinha de inveja da vida da gente.

Durante a gravidez li tu-do que pude, sem restrições nenhuma, lia sobre parto, bebês, como cuidar do bebê, técnicas pra fazer a criança parar de chorar, cromoterapia e aromaterapia para bebês, tipos de leite, amamentação, banhos, desenhos educativos, como lidar com crianças e animais ao mesmo tempo, como não deixar a vida a dois cair na rotina, produtos adequados pra crianças, como estimular o bebê, o que eu deveria esperar de cada mês/semana, como saber se o bebê estava bem através do coco... sério, era pra eu ter tirado um PHD em cuidados com o bebê de tanto que li, teoricamente eu seria uma mãe excelente, pq afinal de contas, eu me preparei durante as 40 semanas de gestação pro que estava pra chegar. Ledo engano, não tem cursinho, livro, revista, barsa, programa de tv ou experiência alheia que nos ajude a lidar com o que está por vir, nada se compara ao caos que a vida da gente vira.

Quando eu digo caos, é caos mesmo, e quando eu digo que a vida da gente vira um caos, eu me refiro a mulheres mortais, normais, que não vivem um comercial de margarina com a família grilo feliz, me refiro á mulheres como eu, que cuidam da casa, lavam e passam roupa, cozinham, tiram pó, fazem compras, lavam banheiro, cozinha, varanda, saem correndo pra tirar a roupa do varal quando começa a chover, não tem motorista pra levar no mercado pra buscar a disgrama da salsinha que falta pra comida ficar pronta, que tem que ligar pro disk gás pq o gás acabou antes do arroz ficar pronto, mulher que lava louça depois da janta e do almoço, que no fim do dia está tão moída que o que quer mesmo é tomar um bom banho de rainha, colocar o pijama e cair na cama, muitas vezes sem namorar.

A maternidade tem todo um lado B que ninguém conta, afinal, aqueles comerciais sobre amamentação são a coisa mais linda de ver, um quartinho todo decorado com a cara da ryqueza, a mãe com a pele linda, os cabelos escovados e as luzes em dia, os peitos explodindo de leite, aquela meia luz que faz a gente morrer de sono só de imaginar, um cheirinho de bebê que ultrapassa os limites da televisão, a criança é tão calma e plácida que parece de mentira, e a mulher com aquele sorrisão no rosto dizendo que amamentar é tudo de bom e blablabla wiskhas sachê.

Quando não são assim, mostram a casa extremamente bem arrumada, crianças obedientes brincando no quintal gramado, a mãe cozinhando e observando as crianças por uma parede de vidro, e falando cazamigas no telefone, num é assim?

Então, se não é assim, me venderam o sonho errado de maternidade, pq a princípio eu achei que minha vida seria um comercial desses, eu sabia que muitas coisas iriam mudar (mentira, não achei que seriam tantas) mas não como mudaram.

Quando a Yasmin nasceu achei fantástico ela ter saído de mim, juro, não me entrava na cabeça que eu e meu marido tínhamos feito alguém tão lindinha e perfeita, estava em estado de graça, aliás, meu estado de graça durou pouco, já no hospital mesmo eu vi que vida de mãe não era bolinho.

Lá na maternidade mesmo já soube que a coisa seria difícil, problema número 1, amamentação, e pra quem está chegando agora já adianto desde já, minha filha não foi amamentada, tomou NAN até o primeiro aninho pq eu não tive leite, ou segundo algumas pessoas, não tive força de vontade pra amamentar, mas isso é assunto pra outro post.

Tivemos alta e viemos pra casa, a típica família feliz, eu, marido, bebê e uma poodle fofinha, tinha como não ser mais perfeito?

Lembro que morria de medo de dar banho nela, e se eu deixasse a menina escorregar igual quiabo da minha mão e ela se afogasse na banheira? Não, obrigada, deixei o banho por conta do papai e da vovó mesmo.

E o umbigo? Que agonia me dava ver o umbigo clampado, e ter que passar álcool nele pra que não infeccionasse, ôoo céus, já que o banho não era por minha conta, alguma coisa eu tinha que fazer, ela já estava fora da barriga e não tinha pra onde correr, então, bora a cuidar do umbigo!

Ela teve poucas cólicas, mas as que teve eu fiquei a beira de um ataque de nervos, começavam sempre ao anoitecer, e iam passar em torno das onze e meia, meia noite, hora que meu super marido chegava e me ajudava com ela.

Ao contrário de muitas mulheres, meu marido teve licença paternidade de apenas 5 dias, ficou em casa conosco apenas 3 dias pq os outros 2 eu fiquei internada ... quando a licença acabou ele voltou a trabalhar reclamando, pq achou os 5 dias pouco tempo pra que me ajudasse com a bebê, mas sempre me ajudou no que pôde, e como não temos vida ganha e não nascemos em berço de ouro, ele tinha que trabalhar, ou seja, era eu e a bebê sozinhas do meio dia a meia noite, minha mãe me ajudava muito, cuidava dela pra eu dormir, minha irmã me distraía com seriados, e acho que isso foi fundamental pra eu não enlouquecer nesse comecinho caótico.

Me lembro que alguns dias eu ficava de pijama o dia todo, nem penteava o cabelo, ficava em função dela o tempo todo, só ia tomar banho quando marido chegava e ficava com ela pra que eu pudesse tomar banho e dormir.

E aqui eu digo, companheirismo, amizade, diálogo e respeito são tu-do, nenhum relacionamento sobrevive a um filho sem isso, sexo é bom, mas ninguém vive 24 horas na cama, a gente tem que se dar bem com o marido além da cama.

Sobrancelha, unhas, hidratação nos cabelos, depilação, limpeza de pele, esfoliação ... fiquei um bom tempo sem saber o que era isso.

Eu não tenho o que reclamar do sono da Yasmin, ela sempre dormiu bem, mas quando chorava eu me via num desespero sem fim, ela não parava, não era fome, não era frio, não era calor, não era nada, ela berrava como uma sirene de fábrica e eu pensava "o que eu fiz com a minha vida? eu não dou conta nem de mim, de onde tirei a idéia de ter um bebê?" e choraaaaaaava escondida. Eu sempre amei minha filha, mas em alguns dias por não saber o que fazer pra lhe dar mais conforto, eu me sentia a mosca do coco do cavalo do bandido, a última das mortais, em resumo, eu me sentia um monte de bosta que não servia nem pra adubo.

O tempo foi passando, e posso afirmar que 50% da minha força pra voltar a ter uma vida normal, pentear o cabelo e tudo mais, veio do meu marido que sempre me apoiou e sempre me ajudou, pq apoio sem ajuda não é nada, é pura balela.

Eu não acordei um belo dia com vontade de ir me depilar, fazer as sobrancelhas, as unhas ... nada disso, primeiro foi uma coisinha, depois outra, depois foi pegar a bebê e ir pra pracinha tirar umas fotos e respirar um pouco de ar que não fosse o de casa ... depois foi um convite pra ir ao shopping comer ... e assim as coisas foram entrando nos eixos.

Finalmente fui me organizando pra deixar a vida em ordem, a casa em ordem, decidi que não seria escrava da casa, minha prioridade era a casa, era a bebê, mas faria o que desse até as 18h, o que passasse disso ficaria pro dia seguinte.
Colocava a Yasmin no carrinho e ia pro quintal estender roupa, colocava no carrinho e ia lavar louça, se usava o computador colocava ela no carrinho e ficava balançando com o pé (e foi excelente pq fiquei com as pernas mais durinhas), não a acostumei no colo o tempo todo! 
Embora isso fosse tentador eu sabia que mais pra frente colheria os frutos disso, e que não seriam bons frutos, ela ganhava colo sim, mas quando eu podia dar, assim como também não a acostumei a dormir na minha cama entre eu e meu esposo ou mesmo a pegar no sono no colo, pq sabia que quando quisesse tirar esse hábito eu teria um tremendo pepino em mãos, e confesso que hoje vendo algumas amigas penando pra tirar esses hábitos de seus filhos, eu agradeço por não ter feito isso, mesmo que parece muito tentador na época.

Decidi que poderia viver o caos o dia todo, mas assim que acordasse precisava tirar o pijama, pentear os cabelos e colocar um par de brincos, não pra ficar bonita pra casa, mas pra que eu me sentisse bem comigo mesma.

Decidi que o banho seria um momento só meu, o mundo poderia estar caindo lá fora, mas o banho era o meu momento comigo mesma, e quando estava no banho a bebê poderia chorar, espernear, mas como eu não a fiz sozinha e o pai estava lá, ele também tinha a obrigação de fazer alguma coisa, e por fim foi dando certo.
Confesso que não foi fácil, aqueles minutos longe dela me apareciam uma eternidade, mas funcionou. No primeiro dia ela chorou, no segundo dia também, mas chorou menos, no terceiro dia ela nem sentiu minha falta e por fim, hoje tomo meu banho super sossegada.

Hoje, quase dois anos depois dessa loucura toda, posso dizer que as coisas entraram nos eixos e que funcionam, mas nem de longe é como imaginei ou como planejei.

Tem hora que realmente dá vontade de jogar tudo pro alto e correr até não aguentar mais, mas ver o filho da gente protegido, saudavel, satisfeito, feliz compensa qualquer coisa.

A vida muda, e a da mulher muda muito mais que a de um homem, isso é fato, mãe sempre vai ser mãe, quem pariu que embale, não é assim que diz o ditado?

A maternidade é isso aí, é caótica, é confusa, mas de longe é a melhor coisa que poderia acontecer na vida de uma mulher, pq ser mãe não tem preço!!

E pra todas aquelas que chegaram até aqui eu afirmo, é trabalhoso, é uma loucura, mas uma hora tudo começa a se adequar, entrar nos eixos, dar certo, há luz no fim do túnel, essa que vos escreve também achou que ia endoidar e ter que usar camisa de força mas não foi necessário pq a luz brilhou antes, junto com o sorriso da minha filha, então, tenham paciência e sejam persistentes, acreditem na capacidade de vocês como mães, não se desvalorizem, não se comparem com outras mães pq cada lar é um lar e muitas vezes o que dá certo com uma criança não dá com outra, tentem manter a calma, e se necessário for chorem, chorem até desidratar, pq uma hora passa, e o mais doido de tudo isso é tudo passa tão rápido que chega a dar saudade de quando eles eram pequetitos assim e dependiam exclusivamente da gente!

Beijos no coraçãozinho de todas.











2 comentários:

  1. Adorei seu texto de hoje!
    Muito bom passar aqui no seu cantinho nessa quarta-feira...
    Tenha um ótimo dia!
    Beijinhos!

    www.asosmamaenadia.com

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  2. OBRIGADA!
    Tenho precisado ler coisas assim...
    Vc é uma pessoa muito querida viu?!
    Espero q qdo Caio completar dois aninhos eu possa dizer que sobrevivi rsrsrsrsrs....
    Parabéns pela força de vontade e coragem para ser feliz!!
    Bj

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